Razão e sensibilidade é o nome do romance de Jane Austen, seu primeiro livro a ser publicado, em 1811. Pode parecer absurdo, mas naquela época, as mulheres eram proibidas de exercer qualquer atividade profissional e, por isso, o nome da autora não aparece na capa do livro original. Muitas escritoras utilizaram pseudônimos masculinos, mas Jane Austen fez a opção de sinalizar que quem assinava aquele romance era uma mulher. Assim, logo abaixo do título aparece um corajoso e provocativo “by a lady”.
Quem conhece a natureza das mulheres sabe que é difícil impedi-las de fazerem o que querem. Elas sempre trabalharam e exerceram múltiplas funções, portanto se desejassem realizar algo que fosse reconhecido como “atividade profissional”, elas encontrariam uma forma de fazê-lo. Até mesmo porque os grandes escritores, sejam homens ou mulheres, não conseguem viver sem escrever e precisam, de qualquer forma, dar vazão ao seu impulso criativo.
As mulheres determinadas a driblar essa proibição precisaram enfrentar uma dose extra de obstáculos, além dos desafios normais do ofício. Desde providenciar papel e tinta, arrumar tempo escondido e chegar ao mercado editorial, são incontáveis as dificuldades impostas para as mulheres, que os homens sequer conheciam. Para eles, o caminho estava livre. E para elas, mesmo alcançando a linha de chegada, nenhum reconhecimento de sua identidade poderia haver. E uma escritora, por mais brilhante que fosse, não poderia ser renomada.
Então, não é demais dizer e repetir que o romance de Jane Austen, Razão e sensibilidade, publicado em 1811 sob o pseudônimo “a lady”, uma vez que mulheres eram proibidas de escrever, é uma excelente obra. Impressionantemente atual, a narrativa se desenvolve em torno de duas jovens irmãs, que são levadas a mudar de residência após a morte do pai. Elas não podem receber herança, pois toda a fortuna, incluindo a casa onde elas moravam, passa para o meio-irmão, que (desculpe a redundância), é homem e por isso, favorecido pela lei.
Os casamentos são foco de toda movimentação dos personagens, ora por amor, ora por dinheiro. As irmãs vivem uma fase crítica em que tudo depende dos arranjos que podem ser feitos para elas. Elas nada podem fazer, a não ser serem educadas, gentis, bonitas e bem instruídas, tudo o que elas fazem muito bem, além de esperar que sejam escolhidas e aprovadas. Na trama, não são apenas as mulheres que sofrem com esta estrutura social, mas também os homens que, curiosamente, são comandados por senhoras poderosas que determinam o que pode ou não acontecer.
A luta pela igualdade de gênero não é entre homens e mulheres, e sim, contra um sistema opressivo que limita a todos. Há muito a ser feito e estamos apenas no começo do caminho. Uma boa forma para começar é com razão e sensibilidade.
Anualmente, em 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. A Formato Eventos reconhece a importância desta data e parabeniza, especialmente, as mulheres que trabalham no nosso mercado.